terça-feira, 30 de outubro de 2012

Sobre a fala...

Caros leitores,

Temos vindo a referir a gaguez como uma alteração da fala. No entanto, para falarmos de uma perturbação de algo temos de perceber como esta funciona...

A nossa capacidade de emitir sons muito precisos e em rápida sucessão para produzir uma palavra ou frase é algo que não nos apercebemos no nosso dia a dia.

Mas, sabem que a fala é um processo altamente complexo?


Aquilo que pretendemos dizer é traduzido para uma representação linguística que é enviada para os mecanismos da fala que coordenam, iniciam, modificam e executam a produção desses sons, que resultam numa palavra ou frase.

Assim, existem áreas no nosso cérebro que são responsáveis pela produção da fala e outras responsáveis pela compreensão da fala, sendo que, na maioria das pessoas o hemisfério responsável pela linguagem é o esquerdo. Não obstante, aspetos da fala como a entoação do discurso que são da responsabilidade do hemisfério direito...

Quando todas estas informações (o que vai ser dito, a rapidez, a entoação, ...) estão definidas são enviadas ao córtex motor do cérebro que as envia para os órgãos responsáveis pela fonação (a fala).

A fonação em si, acarreta o fluxo de ar proveniente dos pulmões, passagem pela laringe (que tem as pregas vocais) e o movimento preciso dos articuladores (chamamos articuladores às estruturas estáticas ou que se movem para produzir os diferentes sons).

Agora que já conhecem o processo, acham que é simples?

Todo este processo é desenvolvido desde o nascimento. Ou seja, as crianças, sem qualquer forma de ensino formal (escola ou explicações) aprendem a falar! Claro que não o fazem de um dia para o outro, passam por várias etapas que se encadeiam umas nas outras. Na verdade, cada criança tem o seu ritmo de desenvolvimento e não tem de ser igual aos coleguinhas da escola.

Na idade pré-escolar, até aos 6 anos, é a fase da sua vida em que há o maior crescimento linguístico e uma explosão de conhecimento do mundo que a rodeia. A mente é tão veloz e há tanta coisa para dizer e tantas histórias para contar, que por vezes a "boca" não acompanha o pensamento!

Daí que é tão importante a questão de mostrar aos caros leitores que todas as crianças, umas mais que outras, passam por períodos de disfluência. Esta disfluência já tratada num outro post é conhecida como a disfluência fisiológica. Não esqueçamos que até o processo que descrevemos anteriormente estar completamente automatizado (tal como em nós adultos) leva tempo e requer alguma prática.

                                                           (Sim-Sim, 1998) e (Dronkers e Ogar, 2004)


Fica este vídeo para quem quiser saber mais acerca do funcionamento do cérebro em questões de linguagem e outras.

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